domingo, 28 de agosto de 2011

Em questão Lagos:


O Desafio de uma Megacidade


      As dimensões de crescimento urbano de Lagos apontam projeções de 24,5 milhões de habitantes em 2015, o que a tornará a terceira maior cidade do planeta. Apresentando um crescimento contínuo de população carente, proporcionando um desafio fundamental para a urbanização mundial.
      Essa megacidade, palavra esta, que o Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos usa para designar "aglomerações urbanas" com mais de 10 milhões de habitantes. Não é nada mais, nada menos, que um centro nervoso econômico e social da Nigéria e África Ocidental que atraí cerca de 600 mil pessoas seduzidas pelas oportunidades. O fragmento abaixo retirado do texto Megacidade por George Packer representa a realidade que as espera:
“... lutar para sobreviver... Seus pulmões queimarão com fumaça, seus olhos vão arder, sua pele vai ficar cinza-escuro. E praticamente nenhuma delas conseguirá sair daqui.”
      O intuito é entender o porquê de seu crescimento tão explosivo e porque que sua paisagem urbana tenha se tornado tão apocalíptica.
      Lagos concentra um terço do PIB de R$ 212,3 bilhões da Nigéria. Sua renda per capita é pelo menos o triplo de seu país, de R$1.454. Essa efervescente economia que tem atraido tantos imigrantes. Mas apenas 35% são de transações formais, os 65% da população ativa economicamente atua no setor informal, como consequência destes movimentos migratórios de mão-de-obra desqualificada e semi-analfabeta, o que resulta em um comércio de ambulantes e ocupações em beiras de estradas.
      Outro fato é a falta de um planejamento urbano tornando Lagos uma terra sem leis, com uma proliferação de assentamentos não planeados é acompanhada da provisão inadequada de água potável e serviços de saneamento. Outro fragmento do texto Megacidade por George Packer demonstra a situação de descaso do governo e também dos moradores na busca de melhorias.
“Mas a megacidade não estimula a responsabilidade social e a ação coletiva voltadas para a melhoria da vida em sociedade. Sua própria escala favorece a pulverização. A ausência de serviços públicos na maioria dos bairros raramente provoca protestos. Em vez disso, ela obriga os moradores das favelas a se tornarem auto-suficientes por meio de atividades ilegais. Eles fazem ligações elétricas clandestinas, provocando apagões e incêndios. Pagam a gangues locais para prover segurança, o que significa que a justiça nas favelas é sumária.”
       Essa situação é chamada por Rem Coolhaas de “auto-organização” que é promovida pela adaptação coletiva a condições extremas difíceis. E é este mecanismo de coordenação multiforme que veio provar aos ocidentais a relação de ordem e desordem em um desenvolvimento urbano acelerado. Como diz Coolhass: ,
“... Lagos não representa uma situação de atraso,
e sim um prenúncio do futuro."

Referências:
• http://www.citiesalliance.org/ca/sites/citiesalliance.org/files/Urbanizacao-de-Favelas-em-Foco.pdf
• Texto a Megacidade, por George Packer. Revista Piauí. Edição 5
• REM KOOLHAAS HARVARD - Project on the city Lagos (HARVARD PROJECT ON THE CITY)

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